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O uso da Impressão 3D para a confecção de Tecnologia Assistiva de baixo custo

Data de publicação: 31 de agosto de 2020. Categoria: Sem categoria

A Tecnologia Assistiva (TA), em suas mais diversas formas, representa uma alternativa para proporcionar ou ampliar a Funcionalidade das pessoas com deficiência, promovendo a manutenção ou melhora do nível de independência e participação.  Para a população com deficiência física e redução da mobilidade, o uso de órteses e próteses pode amenizar prejuízos na condição ortopédica, sejam esses prejuízos resultado de uma condição congênita, uma causa externa ou uma evolução crônica. Diante do significativo número de pessoas que necessitam de TA a OMS estima que apenas 1 a cada dez pessoas que precisam dessa tecnologia tem acesso a um dispositivo assistivo, e espera-se que a demanda por esse tipo de tecnologia dobre até o ano de 2030Portanto, é inquestionável que a necessidade pela produção e dispensação desses dispositivos deve ser uma questão de prioridade para os sistemas de saúde. No âmbito do SUS, o acesso a órtesespróteses e meios auxiliares de locomoção deve ser orientado pelas Oficinas Ortopédicas, articuladas na Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD). 

No entanto, o cenário brasileiro ainda é permeado por dificuldades no acesso das pessoas com deficiência a Tecnologia Assistiva. A lacuna de informações sobre o perfil dos brasileiros que necessitam de órteses e próteses, por exemplo, já representa uma barreira em si, visto que o desconhecimento a respeito dessa população nubla o caminho para a concretização das políticas públicas orientadas a Convenção Internacional de Direitos da Pessoa com Deficiência. Outro obstáculo está relacionado aos custos envolvidos na produção de TA, cuja fabricação por métodos tradicionais pode representar uma barreira financeira paralisante no processo de dispensação dessas tecnologias pelo sistema público de saúde. Diante desse problema, uma alternativa que tem se mostrado custo-efetiva é a Fabricação Aditiva (FA), mais conhecida como Impressão 3D. O emprego dessa técnica de FA para a área da Tecnologia Assistiva representa um crescente campo de interesse científico, e a integração dessa inovação tecnológica ao âmbito fabril do sistema de saúde pode contribuir para a redução do vazio assistencial de equipamentos de oficinas ortopédicas no SUS. 

Além de trazer benefícios relacionados ao custo (menor se comparado a métodos tradicionais de manufatura), outras vantagens atribuídas à FA são a maior rapidez na fabricação e a larga possibilidade de customização e projeção individualizada na produção. Esse último aspecto ganha especial importância na produção de próteses para o membro superior de crianças e adolescentes, onde a estética atrativa proporcionada pelo fácil ajuste e possibilidade de personalização da Impressão 3D pode facilitar no processo de aceitação da prótese. É inegável que a funcionalidade dos produtos impressos é um fator fundamental a se considerar na projeção e fabricação, mas o aspecto estético, beneficiado pela possibilidade de personalização, também é importante. Ele pode ser um facilitador na aceitação da Tecnologia Assistiva pela pessoa com deficiência, ajudando-a a tornar as suas próteses pessoais, personalizadas, e, portanto, com maior possibilidade de integração no seu dia a dia. 

Considerando a breve contextualização, alguns projetos conduzidos por pesquisadores da Rede Brasileira de Pesquisa em Funcionalidade em parceria e colaboração com pesquisadores e bolsistas da Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), coordenados pela Profa. Dra. Luciana Castaneda, buscam contribuir para a aplicação da Impressão 3D na produção de TA para a população SUS dependente. Oficinas Ortopédicas do Rio de Janeiro e São Pauloem serviços de Reabilitação que contam com incentivo financeiro do Ministério da Saúde, constituem o cenário de realização desses projetos, onde os pesquisadores pretendem testar a viabilidade da utilização de técnicas de escaneamento corporal e fabricação aditiva na produção de órtesespróteses e outros dispositivos assistivos. O fortalecimento da agenda de pesquisas para a produção de TA nas oficinas da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência é a força motriz por trás desses projetos, que inclusive já possuem protótipos impressos.

Essa nova Linha de Pesquisa e Extensão Tecnológica surge do reconhecimento de que levar tecnologias de inovação da Quarta Revolução Industrial para o SUS pode ter um significativo impacto clínico e social. E como é papel da ciência responder às demandas da sociedade, os pesquisadores enxergam na Fabricação Aditiva uma alternativa promissora para ajudar a superar os obstáculos ao acesso à Tecnologia Assistiva no SUS, com destaque para a redução do custo e maior rapidez nas etapas de produção. É a aplicação da inovação tecnológica no processo de democratização do acesso à saúde!

 

Fontes:

– Organização Mundial da Saúde – OMS. Standards for prosthetics and orthotics. Geneva: World Health Organization (2017).

– Juan Sebastian Cuellar, Gerwin Smith, Amir A. Zadpor e Paul Breedveld. Ten guidelines for the design of non-assembly mechanisms: The case of 3D-printed prosthetic hands. Proc Inst Mech Eng Part H J Eng Med (2018). DOI:
https://doi.org/10.1177/0954411918794734

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