A Funcionalidade e o Modelo Biopsicossocial do cuidado em saúde
A Funcionalidade Humana é um fenômeno complexo, e como todo fenômeno de natureza multifatorial, acaba por ser o objeto de modelos explicativos que podem estar ligados a diferentes abordagens epistemológicas. Um desses modelos, o Modelo Biopsicossocial, enquanto arcabouço teórico para a compreensão da funcionalidade, é capaz de fornecer um olhar ampliado sobre o processo de funcionalidade e de incapacidade. Ao considerar as dimensões biológica, psicológica e social envolvidas em tal processo, o Modelo Biopsicossocial oferece uma alternativa de paradigma a outros modelos, como o Modelo Biomédico, que tende a oferecer lentes monofocais (biologicistas) para a compreensão dos fenômenos relacionados à saúde.
A Rede trabalha sob a luz teórica do Modelo Biopsicossocial, de forma a contribuir para uma maior adesão a esse modelo, por julgar ser ele um “framework” teórico em maior sintonia com as demandas para a compreensão a atuação no processo saúde/doença e funcionalidade/incapacidade. Afinal, nas palavras de George Libman Engel*, um dos primeiros defensores desse modelo:
“Nada irá mudar até que aqueles que controlam os recursos mostrem a sabedoria para desviar do velho caminho que considera a biomedicina como a única abordagem para o cuidado em saúde.”
E a Rede Brasileira de Pesquisa em Funcionalidade está comprometida com esse desvio de rota.
*Nota: A referência feita a George Libman Engel pode ser encontrada em seu clássico artigo “The Need for a New Medical Model: A Challenge for Biomedicine”, publicado em 1977 na revista Science, volume 196 n. 4286.